Bode
Em MOIH, referindo-se ao bode, Ragon escreve:
"Era geralmente considerado como o símbolo da fecundidade; era o deus Pan ou princípio fecundante da natureza, isto é, o fogo inato, princípio de vida e de geração: quando os sacerdotes queriam representar a fecundidade da primavera e a abundância, da qual ela é a fonte, pintavam uma criança sentada sobre um bode e voltada para Mercúrio.
"Esta pintura indica a analogia do Sol (hermético) com Mercúrio e a fecundidade da qual a matéria dos filósofos é o princípio em todos os seres. É esta matéria, princípio de vegetação, espírito universal e corporificado, que se torna óleo na oliva, vinho na uva, goma, resina nas árvores, suco na plantas, etc. Se o Sol, por seu calor, é um princípio de vegetação, não o é senão excitando o fogo adormecido nas sementes, onde permanece entorpecido até ser acordado e reanimado por um agente externo.
"É o que acontece nas operações da arte hermética, onde o mercúrio filosófico, trabalha por sua ação, sobre a matéria fixa, onde se encontra, como numa prisão, este fogo inato. Desenvolve-o rompendo as suas peias, e colocando-o em estado de agir, a fim de levar a obra à perfeição. Eis, pois, o menino sentado sobre o bode e o motivo que o leva a se voltar para Mercúrio. Sendo Osíris este fogo inato não difere do Pan de maneira que o bode era consagrado a um e a outro; era, pela mesmo razão, um dos atributos de Baco."
O bode foi ligado à Maçonaria, seja por causa do Bafomet, que é um símbolo da iniciação, seja por força de uma superstição, por parte dos ignorantes, que associavam a Maçonaria com a feitiçaria. De qualquer forma é comum, entre os maçons, dizer-se que o recém-iniciado irá sentar sobre um bode. Houve mesmo uma época, na Inglaterra, em que alguns gracejadores insistiam em que houvesse um bode na Loja, sobre o qual obrigavam os neófitos a montar.
Por outro lado, a figura do bode alude à impureza animal, por oposição ao homem que pode ser purificado e ser suscetível de evolução.
Fonte:
Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia - Vol. 1
Editora Arte Nova, por Nicola Aslan da Academia Maçônica de Letras.
