COMISSÃO DE HOSPITALARIA

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Virtude


Virtude


Personificação da virtude (em grego: ἀρετή) na Biblioteca de Celso em Éfeso, Turquia

Virtude (latim: virtus; em grego: ἀρετή) é uma qualidade moral particular, uma capacidade exclusivamente humana, ausente nos outros animais, os quais são regidos apenas pelo instinto. É uma disposição estável de praticar o bem; revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. Segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o hábito.

Segundo a doutrina da Igreja Católica, e especialmente segundo Gregório de Níssa, a virtude é "uma disposição habitual e firme para fazer o bem", sendo o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a Deus. Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria vida. No catolicismo, existem 2 categorias de virtudes:

as virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus. Os cristãos acreditam que elas são infundidas no homem com a graça santificante, e que elas tornam os homens capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. Elas fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Para os cristãos, elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. As virtudes teologais são três:

Fé: através dela, os cristãos creem em Deus, nas suas verdades reveladas e nos ensinamentos da Igreja, visto que Deus é a própria Verdade. Pela fé, "o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque "a fé opera pela caridade" (versículo 6 do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas);

Esperança: por meio dela, os crentes, por ajuda da graça do Espírito Santo, esperam a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo;

Caridade (ou Amor): através dela, "como amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei". Para os crentes, a caridade é "o vínculo da perfeição" (versículo 14 do capítulo 3 da Epístola aos Colossenses), logo a mais importante e o fundamento das virtudes. São Paulo disse que, de todas as virtudes, "o maior destas é o amor" (ou caridade). O amor é também visto como uma "dádiva de si mesmo" e "o oposto de usar".

as virtudes humanas ou virtudes cardinais, que são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas. Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta humana segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos, os cristãos acreditam que estas virtudes são purificadas e elevadas pela graça divina. Entre as virtudes humanas, são constantemente destacadas as virtudes cardeais, que são consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais virtudes humanas:

a prudência, que "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida", sendo, por isso, considerada a virtude-mãe humana;

a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;

a fortaleza que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;

a temperança que "modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados", sendo, por isso, descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres.

Para contrariar e opor-se aos sete pecados capitais, existe também um outro tipo de organização das virtudes, que é baseada nas chamadas sete virtudes: castidade, generosidade, temperança, diligência, paciência, caridade e humildade.

Embora as escrituras religiosas geralmente considerem o dharma ou aṟam (termo em tâmil para "virtude") como uma virtude divina, Valluvar descreve-o como um modo de viver harmonioso que leva à felicidade universal e não uma observância espiritual. Por esse motivo, Valluvar mantém aṟam como a pedra angular em toda a escrita da literatura Kural. Valluvar considera justiça como uma faceta ou produto do aram.


Virtudes romanas

Virtudes pessoais

Autoridade Espiritual. O sentido da função social de alguém, construída através da experiência.

Decisão. Capacidade de agir ou não após ter refletido.

Cortesia. Boas maneiras, cortesia, amizade.

Misericórdia. Suavidade e gentileza.

Dignidade. Um sentido de auto-estima, orgulho próprio.

Tenacidade. Força mental, habilidade de defender uma proposta.

Temperança. Economia e simplicidade, sem ser miserável.

Gravitas. Um senso da importância de um problema, responsabilidade, seriedade e determinação.

Humanidade. Refinamento, civilidade; aprender, e possuir cultura.

Industria. Trabalho duro.

Submissão. Mais do que piedade religiosa, um respeito pela ordem natural social, política e religiosamente. Inclui as ideias de patriotismo e devoção.

Prudência. Previsão, sabedoria e discrição pessoal.

Saúde. Saúde e limpeza.

Severidade. Autocontrole.

Verdade. Honradez para com os demais.


Para o filósofo racionalista René Descartes, a virtude consiste no raciocínio correto que deve guiar nossas ações. O homem deve buscar o bem soberano que Descartes, seguindo Zenão de Cítio, identifica com a virtude, pois isso produz um bem ou prazer sólido. Para Epicuro, o bem soberano era o prazer, e Descartes diz que, de fato, isso não está em contradição com os ensinamentos de Zenão, porque a virtude produz um prazer espiritual, melhor do que o prazer corporal. No que diz respeito à opinião de Aristóteles de que a felicidade depende da sorte, Descartes não nega que esses bens contribuam para a felicidade, mas observa que estão em grande proporção fora do próprio controle, enquanto a mente está sob o controle completo.

A visão de Friedrich Nietzsche da virtude se baseia na ideia de uma ordem de classificação entre as pessoas. Para Nietzsche, as virtudes dos fortes são vistas como vícios pelos fracos e escravos, assim a ética das virtudes de Nietzsche baseia-se em sua distinção entre a moralidade dos mestres e a moralidade dos escravos. Nietzsche promove as virtudes daqueles que ele chama de "homens superiores", pessoas como Goethe e Beethoven. A virtude que ele louva neles são seus poderes criativos ("os homens de grande criatividade" - "os realmente grandes, segundo o meu entendimento" (WP 957)). Segundo Nietzsche, esses tipos superiores são solitários, buscam um "projeto unificador", se reverenciam, são saudáveis e afirmam a vida.


Fontes:

 Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC), n. 377

 CCIC, n. 384

 Ibidem; n. 386, 387 e 388

 1 Coríntios 13:13

 GEORGE WEIGEL, A Verdade do Catolicismo; cap. 6, pág. 101

 CCIC, n. 378

 Ibidem; n. 380, 381, 382 e 383

 N. Sanjeevi (1973). First All India Tirukkural Seminar Papers 2nd ed. Chennai: University of Madras. p. xxiii–xxvii

 N. Velusamy and Moses Michael Faraday (Eds.) (fevereiro de 2017). Why Should Thirukkural Be Declared the National Book of India? (em Tamil e English) First ed. Chennai: Unique Media Integrators. 55 páginas. ISBN 978-93-85471-70-4

 Blom, John J., Descartes. His moral philosophy and psychology. New York University Press. 1978. ISBN 0-8147-0999-0

 Leiter, Brian. «Nietzsche's Moral and Political Philosophy». The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Spring 2013 Edition), Edward N. Zalta (ed.)


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